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  • O Fruto Invisível

    O Fruto Invisível

    Poema ao Mantra 11 – Isha Upanishad

    Eu planto a semente sem perguntar

    se haverá flor ou fruto ao final.

    Minhas mãos tocam a terra

    porque é da minha natureza semear.

    Escrevo porque o verbo me atravessa,

    não pelo aplauso ou pelo eco.

    Minha voz é oferenda ao vazio,

    minha pena dança sem plateia.

    Ajo sem esperar o retorno,

    cumpro o que precisa ser feito,

    como o rio que flui sem saber

    se alguém beberá de suas águas.

    Entrego preces ao silêncio,

    não para ganhar bênçãos ou céus,

    mas porque amar o Mistério

    é a própria bênção.

    E assim, dia após dia,

    meu coração desaprende a esperar,

    minha mente desaprende a pesar,

    e descubro, enfim, que a recompensa

    sempre esteve no próprio ato.

    O desejo por resultado,

    antes uma âncora,

    vira folha solta ao vento.

    O que resta

    é o simples, o vasto,

    o ser que age sem se prender

    e ama sem querer possuir.

  • Como transformar ação e devoção em autoconhecimento

    Como transformar ação e devoção em autoconhecimento

    O desafio do Mantra 10 (Isha Upanishad)

    💬 Aluno: Professor, o mantra 10 fala que os sábios disseram que Avidyā e Vidyā levam a resultados diferentes. O que isso significa na prática?

    💡 Professor: Excelente pergunta. Vamos primeiro entender o que o mantra diz:

    📖 “Os sábios disseram que uma coisa resulta da prática da ignorância (Avidyā), e outra coisa resulta da prática do conhecimento (Vidyā). Assim ouvimos dos sábios que explicaram isso claramente.”


    🌱 Dois caminhos que parecem espirituais, mas não libertam

    💡 No contexto do mantra, Avidyā e Vidyā não significam apenas “ignorância” e “conhecimento”. Eles apontam para dois caminhos que, se praticados sem compreensão, mantêm a pessoa longe do autoconhecimento.

    CaminhoO que significa aquiQuando aprisiona
    AvidyāRituais, ações externas (sacrifícios)Quando feitos mecanicamente, para obter algo
    VidyāDevoção, culto aos deuses, busca espiritualQuando feita para recompensa, poder, status

    ➡️ O mantra diz que os dois caminhos produzem resultados diferentes, mas nenhum conduz diretamente à realização do Ser.


    🔥 Como usar esses caminhos corretamente?

    💡 O mantra não recomenda abandonar ação ou devoção. Ele ensina que se usados com sabedoria, esses caminhos podem preparar a mente para o autoconhecimento.

    Como fazer isso?


    Exemplos detalhados de praticar ação (karma) como oferenda (Avidyā)

    💬 Aluno: Pode me dar exemplos práticos e claros de como agir assim?

    💡 Professor: Claro! Vamos tornar isso bem concreto. Aqui estão exemplos do cotidiano:

    1. Fazer tarefas domésticas como oferenda
      Quando você varre a casa, lava louça ou organiza um cômodo, em vez de pensar “que trabalho chato” ou “ninguém me ajuda”, você faz com alegria e entrega, como quem oferece flores ao altar da existência. O foco não está no reconhecimento ou no resultado, mas no próprio ato como expressão de cuidado e presença.
    2. Trabalhar como serviço ao mundo
      No seu emprego, ao invés de trabalhar apenas esperando salário, promoção ou aprovação, você pode encarar cada tarefa como um serviço ao bem comum. Por exemplo: “Estou programando este software, atendendo este cliente, escrevendo este relatório — não só para mim, mas para que algo útil chegue ao mundo.”
    3. Ajudar alguém sem esperar nada em troca
      Quando você oferece ajuda a um amigo, parente ou desconhecido, sem pensar se vai ser retribuído ou reconhecido. A ajuda é um presente, não uma troca.
    4. Cuidar do corpo como instrumento do Ser
      Alimentar-se bem, exercitar-se, dormir com qualidade — não por vaidade ou medo, mas por respeito ao corpo como veículo temporário do Ser.
    5. Realizar pequenas tarefas cotidianas com atenção plena
      Dirigir no trânsito, aguardar na fila, responder um e-mail, cuidar de um animal — fazer tudo isso com presença e sem ansiedade pelo que vem depois. O foco está no ato, não no fruto.
    6. Ouvir alguém de forma acolhedora
      Quando alguém lhe conta algo, pratique ouvir sem querer interromper, corrigir ou se exibir. Ouça como quem está recebendo um presente, como quem oferece silêncio e acolhimento.

    🌸 Exemplos detalhados de praticar devoção sem desejo de recompensa (Vidyā)

    💬 Aluno: E como praticar devoção no dia a dia sem querer algo em troca?

    💡 Professor: Veja exemplos práticos e aplicáveis:

    1. Fazer uma prece apenas para agradecer
      Ao acordar ou antes de dormir, dizer interiormente: “Obrigado pela vida, por este momento, por poder estar consciente.” Não pedir nada. Apenas gratidão.
    2. Acender uma vela ou incenso como gesto de reverência
      Em vez de acender esperando bênçãos ou proteção, fazer como um símbolo: “Assim como essa chama ilumina este espaço, que eu lembre da luz que já habita em mim.”
    3. Cantar mantras ou músicas devocionais como expressão de amor
      Cantar ou ouvir um mantra não para obter algo (paz, bênçãos, cura), mas porque cantar é uma forma de amar, sem motivo.
    4. Oferecer flores, água ou alimentos sem expectativa
      Colocar uma flor no altar, deixar um copo de água na natureza, alimentar alguém — não para ganhar mérito, mas como um ato de doação silenciosa.
    5. Lembrar do Sagrado durante o dia sem pedir nada
      Durante tarefas comuns, ao olhar para uma árvore, para uma pessoa ou para o céu, lembrar-se: “Isso também é o Ser.” Sem querer que algo mude ou melhore.
    6. Meditar ou contemplar como ato de amor, não como obrigação
      Muitos praticam meditação esperando:
    • Ficar mais calmo
    • Atingir estados superiores
    • Obter méritos

    Essa prática sugere:
    Meditar apenas para estar com o Ser, para reconhecer a própria natureza, sem expectativa de resultado. Como quem senta ao lado de um amigo querido, sem querer nada dele.


    O objetivo final: ir além de ambos

    💬 Aluno: Então devo praticar esses dois caminhos?

    💡 Professor: Sim, se forem praticados com essa atitude que estamos conversando. Eles purificam a mente e abrem espaço para o verdadeiro objetivo, que é o autoconhecimento.

    Quando essa maturidade chega, você verá que ação e devoção foram apenas ferramentas — e o que resta é o Ser pleno, livre de desejo e medo.

    Como disse Śaṅkarācārya:

    “Pratique ação e devoção para purificar a mente. Mas lembre-se: elas não são o fim, são a preparação para a visão do Real.”


    🧠 Resumo prático do mantra 10

    CaminhoQuando aprisionaQuando liberta
    Avidyā (ação)Feita mecanicamente, por desejo de resultadoFeita como oferenda, sem apego
    Vidyā (devoção)Feita para obter recompensas, status, poderFeita como expressão de amor e entrega
    AutoconhecimentoImpossível quando preso nos doisNatural quando ambos são transcendidos

    💡 O mantra 10 nos ensina a agir e a devotar-se, mas sem perder de vista o verdadeiro objetivo: a realização do Ser.

    Om Shānti 🙏

  • A Ilusão dos caminhos espirituais – O desafio do mantra 9 (Isha upanishad)

    A Ilusão dos caminhos espirituais – O desafio do mantra 9 (Isha upanishad)

    💬 Aluno: Professor, o mantra 9 fala que quem pratica rituais sem consciência entra na escuridão, mas quem adora deuses buscando recompensa entra numa escuridão ainda maior. Isso significa que não é necessário seguir rituais ou louvar deuses?

    💡 Professor: Excelente pergunta! O mantra não condena os rituais ou a devoção em si. Ele critica o apego e a busca por resultados que muitas vezes acompanham essas práticas.

    Quando fazemos rituais apenas por hábito, por medo, ou para obter favores e bênçãos, estamos presos no ciclo da ignorância. Não buscamos o autoconhecimento, mas apenas satisfazer desejos.


    🔍 Dois tipos de ignorância segundo o mantra 9

    💡 O Upanishad aponta dois caminhos que, na aparência, parecem espirituais, mas mantêm a pessoa na escuridão:

    Tipo de pessoaAtitudeResultado
    Adora avidyā (ignorância)Faz rituais mecanicamente, sem questionarVive na escuridão da ignorância comum
    Adora vidyā (conhecimento com interesse)Busca poder, status, céu, recompensa espiritualCai em uma escuridão ainda maior (ego espiritual)

    ➡️ Por quê? Porque quem pratica sem consciência pode um dia despertar. Mas quem acha que já “sabe” e busca apenas ganhos, permanece preso no próprio ego espiritual.


    🌱 Então devo abandonar os rituais?

    💬 Aluno: Então não seria necessário nem seguir rituais nem louvar deuses?

    💡 Professor: Depende da atitude. Os sábios dizem:

    ✅ Se sua mente ainda é agitada, cheia de desejos, fé pessoal e busca por equilíbrio — rituais e devoção podem ser úteis, como preparação.

    ✅ Se já há clareza interior, sede por verdade, maturidade espiritual — você pode transcender a necessidade das formas externas.

    O problema não está no ritual, mas no apego a ele e na expectativa de recompensa.

    ➡️ Os rituais devem ser um trampolim, não uma prisão.


    🔥 Como desapegar do apego aos rituais e devoção?

    💬 Aluno: E como alguém que está apegado a essas práticas pode desapegar?

    💡 Professor: A saída não é abandonar à força, mas permitir que o desapego amadureça naturalmente.

    Aqui está o caminho que os sábios apontam:

    ✅ 1. Maturação natural

    Com o tempo, a pessoa percebe que:

    • Mesmo após rituais e louvores, a mente continua inquieta.
    • Os desejos nunca se satisfazem totalmente.

    Essa percepção gera um desencanto saudável (vairāgya).

    ✅ 2. Auto-observação sincera

    Comece a perguntar-se:

    Por que estou fazendo este ritual?
    Estou buscando o Ser ou apenas tentando preencher um vazio?

    Essa pergunta, feita com sinceridade, enfraquece o apego.

    ✅ 3. Mudança de atitude

    Transforme a prática em:

    • Oferta de si mesmo.
    • Expressão de gratidão.
    • Purificação da mente.

    Não busque resultados externos.

    ✅ 4. Renúncia espontânea

    Quando o buscador percebe que nada externo pode trazer a liberdade buscada,
    o desapego acontece naturalmente.

    O ritual deixa de ser necessário. O buscador encontra o Ser.


    Resumo prático do ensinamento do mantra 9

    CaminhoPerigoSolução
    Rituais sem consciênciaMantêm a pessoa no piloto automáticoPraticar com presença e questionamento
    Devoção por interesseAlimenta o ego espiritualTransformar em entrega sem desejo de recompensa
    AutoconhecimentoLiberta da ilusãoSurge naturalmente quando o buscador amadurece

    💡 O Upanishad não condena a prática, mas o apego. Ele nos convida a ir além do fazer, até o Ser.

    Om Shānti 🙏

  • 🎭 Agir com ou sem emoção? A pergunta prática sobre o mantra 8

    🎭 Agir com ou sem emoção? A pergunta prática sobre o mantra 8

    💬 Aluno: Professor, quando sentimos raiva ou alegria e fazemos essa prática de observar a emoção, significa que vamos agir sem emoção? Não seria válido agir, às vezes, com raiva, alegria, calma ou firmeza?

    💡 Professor: Essa é uma pergunta muito importante! O ensinamento de observar as emoções não é um convite para reprimir ou negar o que sentimos. É um convite para não ser arrastado inconscientemente pelas emoções.

    ➡️ A prática não remove a emoção. Ela liberta você da identificação cega com ela.


    🔥 A emoção como energia — mas não como prisão

    Quando você testemunha a raiva, por exemplo, o que acontece?

    • Ela ainda surge.
    • Mas você percebe: “Isso é um movimento na mente. Não sou isso.”

    Essa observação não destrói a energia da raiva — ela remove o veneno inconsciente.

    Você pode usar essa energia como firmeza limpa, sem agressividade.

    ➡️ Você age com a emoção, mas não pela emoção.


    🥋 Exemplo prático

    💬 Aluno: Então, quando alguém me ofende, eu não devo sentir raiva?

    💡 Professor: Você pode sentir. A raiva pode surgir naturalmente. A diferença é:

    Quando dominado pela raivaQuando testemunha a raiva
    Reage impulsivamenteEscolhe conscientemente
    Age e depois se arrependeAge com firmeza e clareza
    Sente ódio ou rancorUsa a energia sem violência

    O objetivo do ensinamento é usar as emoções como serviçais, não como mestres.


    🌼 A legitimidade de todas as emoções

    💡 Todas as emoções têm um lugar no palco da vida. O mantra 8 não quer que você vire uma pessoa apática ou indiferente.

    Ele quer que você viva com liberdade interior.

    Quando você testemunha:

    • A alegria é livre de apego.
    • A raiva vira firmeza justa.
    • A calma não é passividade.
    • A firmeza não vira dureza.

    🌺 O segredo do agir consciente

    💬 Aluno: Então o ensinamento é para que eu aja consciente, não para que eu reprima.

    💡 Professor: Exatamente. A prática é:

    1. Observar o que surge.
    2. Não se identificar com isso.
    3. Decidir como agir.

    ➡️ Assim, você não age mais condicionado pela emoção. ➡️ Você age com sabedoria, liberdade e autenticidade.

    Como disse Ramana Maharshi:

    “O sábio sente, mas não sofre.”


    ✅ Resumo prático para viver o mantra 8

    SituaçãoO que fazer
    Emoção surgeObserve, não reprima
    Testemunha a emoçãoReconheça: “Isso está acontecendo na mente, não em mim”
    Age com clarezaUsa a energia, sem ser arrastado

    Assim, você vive a liberdade que o mantra 8 aponta: agir sem ser escravo do que sente, e sentir sem ser escravo de como age.

  • Quando tudo é você – O fim da ilusão e da tristeza (Mantra 7 – Isha Upanishad)

    Quando tudo é você – O fim da ilusão e da tristeza (Mantra 7 – Isha Upanishad)

    💬 Aluno: Professor, o mantra 7 diz que, quando uma pessoa percebe que ela mesma se tornou todos os seres, não há mais ilusão nem tristeza. Mas eu consigo entender isso racionalmente… na prática, parece impossível lembrar disso no meio da correria do dia a dia.

    💡 Professor: Essa é uma percepção muito honesta — e muito espiritual. A verdade é que sim, a mente entende, mas a atenção se dispersa. A realização de que somos um só Ser precisa ser relembrada e cultivada ao longo do tempo.

    Mas antes, vamos olhar o próprio mantra:

    📖 “Quando, para aquele que vê, todos os seres se tornam o próprio Ser, então, que ilusão pode haver? Que tristeza pode existir?”


    🌱 Ver tudo como o próprio Ser?

    💬 Aluno: Isso parece abstrato. Como posso entender isso de verdade?

    💡 Professor: Significa reconhecer que não há dois. O Ser que olha pelos seus olhos é o mesmo que habita todos os seres. Não como ideia, mas como realidade vivida.

    Não se trata de negar a diversidade — mas de perceber que a diversidade é expressão da mesma essência.


    🔁 Se tudo é um, por que ainda sinto tristeza ou raiva de mim mesmo?

    💬 Aluno: Uma pessoa pode sentir tristeza ou raiva de si mesma. Então, mesmo que eu veja o outro como eu, por que não haveria tristeza ou dor?

    💡 Professor: Excelente ponto. Sim, as emoções continuam surgindo mesmo após o reconhecimento da unidade. A diferença está em onde está sua identidade.

    No estado comum, nos identificamos com os pensamentos e sentimentos: “Estou triste, logo algo está errado comigo.”

    No estado de realização, a Consciência observa a tristeza como um movimento na mente — como uma nuvem no céu. Ela vem, passa… e não prende mais.

    ➡️ A dor pode surgir — como parte natural da vida humana. Mas não se transforma em sofrimento prolongado, porque você não se esquece de quem realmente é.

    ➡️ Você sente, mas não se confunde com o que sente.

    ➡️ Você se percebe como o espaço que contém a emoção, e não como a emoção em si.


    🔍 O que é removido é a raiz da tristeza: a separação

    💡 O que o mantra diz é que, quando você vê a unidade em tudo, a tristeza existencial, o medo, a carência, a solidão desaparecem.

    Você ainda vive, sente, age, chora e ri. Mas agora com plena lucidez de que tudo é você mesmo, em expressões múltiplas.


    🪞 Mas ainda assim, eu não posso entrar na casa de outra pessoa…

    💬 Aluno: Se somos um, por que ainda existem limites? Por que não posso agir como se tudo fosse literalmente meu?

    💡 Professor: Porque a verdade é dupla:

    PlanoVerdade
    Absoluto (paramārthika)Tudo é Brahman, o Ser é Um
    Relativo (vyāvahārika)Existem regras, papéis, limites

    Um jñānī (sábio) vive a unidade, mas respeita a diversidade.
    Ele venera a forma como expressão do sem forma. Por isso, é mais ético, mais amoroso, mais respeitoso.

    ➡️ A realização não anula a moralidade. Ela a aperfeiçoa.


    🧘‍♂️ Como lembrar disso durante o dia?

    💬 Aluno: Eu entendo tudo isso… mas na rotina eu esqueço. Como lembrar da unidade nos afazeres comuns?

    💡 Professor: A chave é a prática da lembrança frequente (smṛti).

    Aqui estão formas simples:

    1. Ao acordar: diga: “Sou Consciência. Verei o Um em muitas formas hoje.”
    2. Ao ver qualquer pessoa: “Esse é o Ser.”
    3. Quando se irritar: “Essa emoção está sendo observada.”
    4. Durante tarefas simples: lave louça ou caminhe com presença: “Eu estou aqui. O Ser está aqui.”
    5. Antes de dormir: reflita: “Onde me lembrei de mim hoje? Onde me esqueci?”

    Cada pequena lembrança é um passo para viver a unidade.


    Conclusão do mantra 7

    Quando você percebe que tudo é o Eu, e que não há dois, a raiz da ilusão se dissolve.

    ➡️ Moha (ilusão) desaparece.
    ➡️ Śoka (tristeza) perde seu poder.

    💡 “Quando tudo é você, o amor é natural, a paz é constante e o mundo é um reflexo do Ser.”

    Om Shānti 🙏

  • Ver a unidade em todos os seres – O Poder transformador do mantra 6 (Isha Upanishad)

    💬 Aluno: Professor, o mantra 6 diz que quem vê todos os seres em si mesmo, e a si mesmo em todos os seres, não odeia ninguém. Mas isso é muito difícil. Como posso realmente perceber isso?

    💡 Professor: Uma pergunta profunda! Sim, é difícil no início, porque estamos acostumados a nos ver como separados. Mas vamos explorar isso juntos. Primeiro, ouça as palavras do mantra:

    📖 “Aquele que vê todos os seres em si mesmo e a si mesmo em todos os seres, esse não odeia ninguém.”

    Esse ensinamento fala da unidade essencial da vida. Não é apenas filosofia, é um caminho de percepção direta.


    🧘 Ver todos os seres em si mesmo? Como assim?

    💬 Aluno: Mas cada pessoa parece tão diferente. Como posso dizer que somos um?

    💡 Professor: No nível da forma, somos diferentes. Mas o mantra não fala da forma. Ele fala da Consciência que está por trás de cada forma.

    Imagine: um menino coloca uma máscara de tigre, depois de macaco, depois outra. Ele é o mesmo menino, mas parece diferente. Assim somos todos nós: a mesma Consciência usando diferentes corpos e mentes como máscaras.


    🧪 Experimento prático: somos mesmo separados?

    💬 Aluno: Mas como sei que a minha Consciência é a mesma da outra pessoa e não apenas parecida?

    💡 Professor: Excelente pergunta. Feche os olhos e sinta esse “eu sou”. Agora pense: a consciência que sente isso em você é:

    • sem forma
    • sem cor
    • sem gênero
    • sem limite

    Se outra pessoa fizer o mesmo, ela também dirá: “Eu sou”.

    ➡️ A consciência é idêntica em natureza, só muda o “conteúdo” que ela percebe.


    💡 Analogia da eletricidade

    💬 Aluno: Mas não posso sentir o que você sente. Isso não prova que somos consciências diferentes?

    💡 Professor: Pense assim: várias lâmpadas em uma sala. Cada uma é diferente. Mas a eletricidade que as acende é a mesma.

    ➡️ A mente e o corpo são as “lâmpadas”. A consciência é a mesma energia silenciosa em todos.


    🌊 Analogia do oceano e das ondas

    💬 Aluno: Ainda assim, me sinto separado…

    💡 Professor: Isso é natural. Veja: cada onda no oceano parece ter vida própria. Mas todas são água. Nós somos como ondas. A Consciência é a água que compõe tudo.

    🌌 Analogia do espaço e dos potes

    💬 Aluno: Existe outra forma de pensar essa unidade?

    💡 Professor: Sim. Imagine vários potes de barro. Cada um parece conter um espaço separado dentro de si. Mas se você quebrar os potes, verá que o espaço nunca esteve realmente separado. Assim também somos nós: parecemos separados, mas o “espaço da consciência” é único e contínuo.


    🧘‍♂️ Meditação simples para sentir a unidade

    1. Feche os olhos e respire fundo.
    2. Sinta a presença silenciosa dentro de você.
    3. Pense em outra pessoa. Imagine que ela também sente essa presença.
    4. Diga mentalmente: “A Consciência é a mesma.”

    Repita com diferentes pessoas, com um animal, com uma planta. Essa é a prática do sama-darśana — a visão equânime.


    ❤️ Quando você percebe a unidade, o ódio se dissolve

    💬 Aluno: O mantra diz que quem vê a unidade não odeia nada. Isso é mesmo possível?

    💡 Professor: Sim. Porque onde há união, há compaixão. Não é uma regra moral, é uma consequência natural. Se eu sou você, como posso odiar?

    ➡️ A separação é a raíz do sofrimento. A unidade é a raíz do amor.


    🧠 Resumo prático: como sentir essa unidade

    CaminhoComo praticar
    Observar a ConsciênciaSinta o “eu sou” sem forma
    Empatia conscienteVeja a dor e a alegria dos outros como suas
    ContemplarUse analogias: lâmpadas, ondas, espaço
    SilenciarDeixe a mente e o ego aquietarem
    Mantra“Tat tvam asi” — Tu és Isso

    ✨ Conclusão

    Quando você vê a si mesmo em todos os seres, e todos os seres em si mesmo, você vive em paz com o mundo.

    💡 “A separação está na aparência. A união está na essência.”

    🌱 E a essência somos nós: um só Ser, silencioso, presente, consciente.

    Om Shānti 🙏

  • Como Agir com Propósito Sem se Prender aos Resultados? (Karma Yoga na Prática)

    🗣️ Você já sentiu que sua motivação depende do sucesso ou do reconhecimento?
    E se houvesse uma maneira de agir com propósito, sem ansiedade pelo futuro?


    💬 Aluno: Se eu não pensar no impacto do meu trabalho, como terei motivação para agir?

    💡 Professor: Essa é uma dúvida muito comum! Queremos ver resultados, medir nosso sucesso e garantir que estamos fazendo a diferença. Mas e se houvesse uma forma de trabalhar com dedicação, sem nos tornarmos prisioneiros do resultado?

    No segundo mantra do Isha Upanishad, encontramos uma resposta poderosa para esse dilema.


    O Ensinamento do Segundo Mantra do Isha Upanishad

    📖 “Um homem pode desejar viver por cem anos, cumprindo seus deveres prescritos pelas escrituras. Se ele agir assim, os resultados de suas ações não se apegarão a ele. Não há outro caminho.”

    💬 Aluno: Isso quer dizer que posso viver normalmente, desde que cumpra meus deveres?

    💡 Professor: Exatamente! Esse mantra nos ensina que podemos viver uma vida ativa e plena, desde que ajamos sem apego ao resultado. Essa é a essência do Karma Yoga: agir pelo dever e pelo bem maior, sem ficar prisioneiro da expectativa de sucesso ou fracasso.


    O Paradoxo: Como Agir Sem Pensar no Resultado?

    💬 Aluno: Mas se eu não me preocupar com o resultado, por que me esforçaria?

    💡 Professor: Ótima pergunta! O Karma Yoga não significa agir sem propósito. Ele significa agir com dedicação, sem que sua felicidade dependa do sucesso final.

    🔹 Com apego ao resultado: “Preciso atingir X pessoas, senão foi tudo em vão.”
    🔹 Com Karma Yoga: “Vou criar algo valioso porque isso faz parte do meu Dharma. O impacto virá como consequência.”

    💬 Aluno: Então, o problema não é ter objetivos, mas ficar preso a eles?

    💡 Professor: Exatamente! O segredo está em mudar nossa relação com o resultado. Trabalhamos com excelência, mas sem ansiedade.


    A Reflexão que Transforma Nossa Perspectiva

    🔥 “O fogo brilha porque essa é sua natureza.”
    🌊 “O rio flui porque essa é sua natureza.”
    🧘 “O sábio age sem apego porque compreende sua natureza.”

    💬 Aluno: O que essa frase quer dizer na prática?

    💡 Professor: O fogo não precisa de um motivo para brilhar – ele simplesmente brilha. O rio não tenta controlar seu caminho, ele apenas flui. O sábio age sem a necessidade de sucesso ou aprovação externa, pois compreende que sua paz não depende dos frutos da ação.

    💬 Aluno: Então, se o fogo brilha e o rio flui naturalmente, eu também devo agir naturalmente?

    💡 Professor: Exato! Se nos alinharmos com nossa verdadeira natureza, nossa ação se tornará espontânea, sem esforço forçado. Assim, evitamos ansiedade e frustração.


    Como Aplicar Esse Princípio no Dia a Dia?

    💬 Aluno: Isso faz sentido, mas como colocar em prática?

    💡 Professor: Aqui estão algumas formas de aplicar esse ensinamento na vida:

    1. Defina uma intenção maior do que o sucesso imediato.
    👉 Pergunte-se: “Essa ação está alinhada com meu Dharma?” Ao focar no propósito, o sucesso vem como consequência.

    2. Foque no processo e na excelência do trabalho, não apenas no resultado.
    👉 Em vez de ansiedade pelo futuro, valorize cada etapa e melhore continuamente.

    3. Aceite os resultados com equanimidade.
    👉 Se der certo, ótimo. Se não, aprenda e siga em frente sem sofrimento desnecessário.

    4. Veja sua ação como um serviço.
    👉 Trabalhe com a mentalidade de quem contribui para o bem maior, não como quem busca apenas reconhecimento.


    Conclusão

    💬 Aluno: Então, agir sem apego ao resultado não significa agir sem propósito, mas sim com leveza?

    💡 Professor: Exatamente! Se queremos agir com mais leveza, sem medo de fracasso e sem a obsessão pelo sucesso, precisamos adotar a sabedoria do Karma Yoga. Agir pelo dever, pela paixão e pelo Dharma, sem nos deixarmos consumir pela ansiedade dos resultados.

    💡 “Se o fogo brilha e o rio flui, que nossa ação também seja natural e desapegada.”

    💬 Aluno: Isso me fez refletir. Vou tentar aplicar no meu dia a dia.

    💡 Professor: Isso é ótimo! E você, como lida com os resultados das suas ações? Compartilhe suas reflexões nos comentários! 🙏😊

  • Dessa manhã na Aclimação

    Dessa manhã na Aclimação

    O som do silêncio gera uma paz inesperada nesse lugar.

    No quarto sem ar condicionado ligado ou ventilador. No momento sem nem mesmo o cobertor, rs.

    A sala escura tem a janela como um grande quadro. Por esse quadro a imagem da selva de pedra aparece, e a imagem do céu também.

    Abro a janela do escritório para apreciar esse cenário daqui também. Sentado a um metro dela, posso assistir o espetáculo do amanhecer. Tons leves que se abraçam dando conforto àqueles que o vêem.

    Um bom lugar para estar.

    escritório com vista para céu e prédios de SP
  • Canto da manhã

    Escuto o bem-te-vi lá fora cantando no meu ouvido direito. (Ae)

    O som do ar-condicionado acima (Ae) atrapalha o foco mas você diz a si mesmo(a) – deixa para lá e escuta o canto. (Ad)

    E olhando as casas claras de telhado avermelhado, com o verde das árvores ao fundo e o céu pintado em tons de azul do amanhecer (Ve), você imagina como é esse lindo pássaro… com um pomo pomposo, olhando rápido de um lado para o outro, com os pés finos atracados em um galho de árvore (Vc).

    Só de imaginar isso já traz uma paz, não é? tranquilidade… começa no peito a cada expiração e vai descendo pelo corpo levando essa boa sensação (C+)

    Aah se eu pudesse, ser uma passarinho ao lado desses pequenos cantores.
    Ouvindo de pertinho (Ac), olhando como eles são (Vc), com os pés nos galhos (Ct); poderia sentir o cheiro das folhas, voar até uma fruta e saboreá-la (Gc).

    O sabor de um amanhecer (Gc + Ve) ao som dos pássaros (Ae).

  • Que as pessoas percebam que são fodas!

    tô energizado!
    internamente as imagens que surgem são de mim surfando uma onda azulado em um dia ensolarado, conversando com os locais feras em surf e rindo enquanto compartilhamos experiências.

    longe da li em uma vila na ásia, um sularemicano aprende sobre o convívio em natureza pela boca de próprios moradores que estão a sua volta felizes em mostrar para um turista as coisas incríveis daquele pedaço do mundo

    logo apareço chegando na casa de minha mãe e toda a família está reunida conversando, cada um contando as experência que tiveram naquele ano e o que aprenderam

    um mendigo é mendigo porque acredita na mendicância (whaaat? sim…) tal qual um filósofo grego séculos atrás. Pessoas o visitam para com ele aprender essa forma de pensar.

    A vida é vista pelos olhos da experimentação, curiosidade e deleito.
    wow!