O Fruto Invisível

Pessoa com fruto invisível

Poema ao Mantra 11 – Isha Upanishad

Eu planto a semente sem perguntar

se haverá flor ou fruto ao final.

Minhas mãos tocam a terra

porque é da minha natureza semear.

Escrevo porque o verbo me atravessa,

não pelo aplauso ou pelo eco.

Minha voz é oferenda ao vazio,

minha pena dança sem plateia.

Ajo sem esperar o retorno,

cumpro o que precisa ser feito,

como o rio que flui sem saber

se alguém beberá de suas águas.

Entrego preces ao silêncio,

não para ganhar bênçãos ou céus,

mas porque amar o Mistério

é a própria bênção.

E assim, dia após dia,

meu coração desaprende a esperar,

minha mente desaprende a pesar,

e descubro, enfim, que a recompensa

sempre esteve no próprio ato.

O desejo por resultado,

antes uma âncora,

vira folha solta ao vento.

O que resta

é o simples, o vasto,

o ser que age sem se prender

e ama sem querer possuir.