Um amigo que começara a escrever sentou-se para conversar.
-Sabe, gosto de escrever mas enquanto ponho pra fora cada palavra escuto um vozes nada amigáveis – Disse ele chateado.
-E o que essas vozes dizem que a fazem ser nada amigável? – indaguei.
-Que não sou bom em escrever, que estou perdendo tempo e isso não vai dar em nada – disse ele com a voz trêmula e então fez uma pausa e falou – mas sabe, eu sou forte e mesmo quando elas falam isso eu falo ainda mais alto, grito para elas: “ESPEREM PRA VER! NENHUMA IDEIA VEM PRONTA! É PRATICANDO QUE SE CHEGA A PERFEIÇÃO! ME DEIXEM E VERÃO”
Isso puxou memórias na minha mente e comecei-lhe a falar de quando eu estava fazendo hipnose, fazia questão de dizer para as pessoas o porquê de hipnose funcionar e que era super interessante.
Ouvia os outros dizendo “para com isso” , “fica enganando os outros” e tantas outras coisas ruins. Ouvia tudo isso e fazia questão de rebater.
Rebatia porque no fundo ainda não me sentia 100% OK com o que fazia, mas continuei, pratiquei, melhorei cada vez mais.
Em algum momento – nem foi marcante, apenas aconteceu – eu me vi 100% hipnólogo, acreditei de verdade no que fazia e que era bom.
Quando isso aconteceu, continuei ouvindo os outros falando coisas no meu ouvido – coisas boas e ruins. Principalmente ruins – mas nem ligava mais.
Se me faz bem e posso fazer o bem com isso. Fazer é a melhor resposta que posso dar.
Ele me olhava atento terminar essas palavras, agora um olhar firme e postura ereta.
-Entendo – disse ele com um leve sorriso – Na verdade, já passei por momentos assim, é verdade. Eu fazendo algo para o meu bem e querendo o melhor ao passo que os outros só me criticavam – disse ele, agora com a respiração aliviada.
-E como lidou com as críticas?
-Foquei tanto na prática, no fazer o que me propus a fazer que com o tempo nem ouvia mais as vozes. Era como se ficassem cada vez mais longe quanto mais eu agia em direção ao meu objetivo. Por fim, até quando as escutava dava um sorriso leve tão rápido quanto voltava para o que era importante.
Percebi a mudança nele e fiz uma pergunta que estava no seu novo semblante a resposta: E da próxima vez que estiver escrevendo, agindo em direção dos seus objetivos e ouvir aquelas vozes; o que vai fazer?
Seus olhos viraram pro lado – como se as estivesse ouvindo -, e quase que no mesmo instante ele deu um leve sorriso, um leve sorriso que já havia experimentado outrora.