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  • Segunda de trabalho

    Levanto da cama em silêncio para não acordar minha esposa. O relógio marca 5:45 da manhã, enquanto ponho minha roupa de natação: sunga, touca, óculos e relógio inteligente.

    A medida que me alongo o sol surge tocando a varanda de onde o sinto aquecer o corpo para esse novo dia. Afinal hoje é segunda feira!

    No ouvido o fone sem fio toca rock alemão até chegar na piscina onde o deixo na bolsa.
    Touca ok, óculos ok, suga ok, relógio ok. Inspiro fundo olhando o movimento da água… seguro o ar por um instante e sou grato pela vida… expiro fechando os olhos e só os abro no pulo.

    O frio da água acorda cada célula do meu corpo e vejo o azul refletido do fundo da piscina, um azul que acalma e foca.
    A cada nado, energia é utilizada e volta o dobro em gratidão, força e vontade de viver.

    Já no apartamento, tomado banho, preparo o café da manhã na mesa.
    Hoje a mulher da minha vida tá com preguicite então a acordo com um beijo e não surte muito efeito até que ela me ouve falar “Amor, teu café preferido tá na mesa”. Seus lindos olhos brilham e recebo um obrigado em forma de sorriso.

    Café gostoso, nutritivo e saudável ao lado da mulher que amo.
    – Amor, to indo trabalhar – falo com voz firme e tranquila
    Ela acena com a cabeça dando um leve sorriso.

    A sala de criação é um dos nossos espaços preferidos, claro. É dali que tiramos ideias de nossas mentes e transformamos em algo tangível nesse mundo capaz de trazer valor às outras pessoas!

    Cá estou eu, na minha cadeira hiper confortável, mac e monitor auxiliar apoiados em uma limpa e amadeirada bancada, “trabalhando”.

  • O sorriso e as vozes

    Um amigo que começara a escrever sentou-se para conversar.

    -Sabe, gosto de escrever mas enquanto ponho pra fora cada palavra escuto um vozes nada amigáveis – Disse ele chateado.

    -E o que essas vozes dizem que a fazem ser nada amigável? – indaguei.

    -Que não sou bom em escrever, que estou perdendo tempo e isso não vai dar em nada – disse ele com a voz trêmula e então fez uma pausa e falou – mas sabe, eu sou forte e mesmo quando elas falam isso eu falo ainda mais alto, grito para elas: “ESPEREM PRA VER! NENHUMA IDEIA VEM PRONTA! É PRATICANDO QUE SE CHEGA A PERFEIÇÃO! ME DEIXEM E VERÃO”

    Isso puxou memórias na minha mente e comecei-lhe a falar de quando eu estava fazendo hipnose, fazia questão de dizer para as pessoas o porquê de hipnose funcionar e que era super interessante.
    Ouvia os outros dizendo “para com isso” , “fica enganando os outros” e tantas outras coisas ruins. Ouvia tudo isso e fazia questão de rebater.

    Rebatia porque no fundo ainda não me sentia 100% OK com o que fazia, mas continuei, pratiquei, melhorei cada vez mais.

    Em algum momento – nem foi marcante, apenas aconteceu – eu me vi 100% hipnólogo, acreditei de verdade no que fazia e que era bom.

    Quando isso aconteceu, continuei ouvindo os outros falando coisas no meu ouvido – coisas boas e ruins. Principalmente ruins – mas nem ligava mais.

    Se me faz bem e posso fazer o bem com isso. Fazer é a melhor resposta que posso dar.

    Ele me olhava atento terminar essas palavras, agora um olhar firme e postura ereta.

    -Entendo – disse ele com um leve sorriso – Na verdade, já passei por momentos assim, é verdade. Eu fazendo algo para o meu bem e querendo o melhor ao passo que os outros só me criticavam – disse ele, agora com a respiração aliviada.

    -E como lidou com as críticas?

    -Foquei tanto na prática, no fazer o que me propus a fazer que com o tempo nem ouvia mais as vozes. Era como se ficassem cada vez mais longe quanto mais eu agia em direção ao meu objetivo. Por fim, até quando as escutava dava um sorriso leve tão rápido quanto voltava para o que era importante.

    Percebi a mudança nele e fiz uma pergunta que estava no seu novo semblante a resposta: E da próxima vez que estiver escrevendo, agindo em direção dos seus objetivos e ouvir aquelas vozes; o que vai fazer?

    Seus olhos viraram pro lado – como se as estivesse ouvindo -, e quase que no mesmo instante ele deu um leve sorriso, um leve sorriso que já havia experimentado outrora.

  • Um ciclo sem fim

    Um ciclo sem fim

    É apenas mais uma manhã de outono. Um vento frio sopra pela janela em direção à mesa de jantar.
    Ali o garoto organiza os alimentos do café da manhã até que olha para o canto da mesa.

    -Quê?! Mãe, olha só quem tá aqui na mesa! – diz em tom de surpresa e indignação pela ousadia.
    -Que é menino? tô preparando o café!
    -Olha essa osga aqui na mesa, já me viu e nada de ir embora tamanha 9 da manhã – fala o garoto como exímio conhecedor do comportamento das osgas.
    -Tira ela daí vai, pra gente tomar o café. – disse a mãe já com o pensamento na fome.

    O rapaz investiga a casa com os olhos buscando algo para espantar o pequeno réptil e encontra uma sombrinha pendurada na costa de uma das cadeiras da mesa.
    Segurando a sombrinha como um cavaleiro segura a lança em cima do cavalo em uma disputa medieval, o garoto toca a osga ao lado da barriga.

    Nem um movimento

    Aiai, por que tu não vai embora, coisa? Geralmente cês saem correndo e nunca aparecem de dia!, indagou o rapaz começando a se preocupar.

    Ainda pequeno via lagartixas na parede. No momento em que elas o percebiam, corriam até sumir de vista.
    Esses olhinhos curiosos e mãozinhas que seguram na superfícies… tão fofinhas quanto catioríneos!, pensava ele.
    Osgaldo, Osgaldino, Osgaudelha e outros mais eram inquilinos há anos e sempre que via novos parentes tratavam de batizá-los feliz da vida.

    Mas nesse momento a felicidade dava lugar a preocupação.
    Várias tentativas de afugentar o animal e ele recusava-se a tirar as pernas traseiras do lugar.
    Com a ponta da sombrinha levantou o rabo e viu uma linha vermelha de sangue.
    -Mãe, ele tá ferido! É por isso que ele não quer ir embora!

    O garoto foi para o outro lado da mesa a fim de fica mais perto do bichinho e conseguir colocá-lo no chão. Foi nesse momento que viu à direita dos seus pés, camuflada pelo azulejo escuro, uma aranha observando todo o resgate de sua presa.

    -Tem uma aranha aqui, acho que foi ela quem fez isso com o Osguinha. – disse o rapaz para sua mãe que a essa altura assistia aflita os acontecimentos. -Vou matar essa bicha!

    Foi na varanda, pegou uma sandália e partiu pra cima da criminosa.

    “Bye, bye, otário” – disse a aranha pra ele, ao menos foi o que pensou ao vê-la sumir tão rápido em meio a pilha de bugigangas em baixo da escada.
    Ai caroço, agora não posso deixar a osga aqui dentro.

    Com a sombrinha empurrou-a por trás e o rabo que já estava bambo, cedeu.
    O animal e o rabo foram para dentro de uma caixa de plástico transparente.

    -Aiai que o rabo saiu!!! pqp fo**u ele vai morrer, não morre, por favor! – falou o garoto olhando o bichinho nos olhos, aqueles olhinhos ingênuos e assustados.
    Ele vai sobreviver, por favor, sobrevive, vai ficar bem…, surtava em seus pensamentos enquanto um sentimento frio subia pelo seu corpo como uma cobra serpenteia um tronco de árvore e com ela uma vontade de chorar… a mesma de 8 dias atrás.

    -Calma meu amor você vai sobreviver, toma água vai – falava ele com a voz trêmula.
    Sua fiel cachorra agora com vida apenas para virar o pescoço e cheirar seus pés uma última vez.

    Ele sentou ao seu lado, levantou sua cabeça e disse nos seus olhos: “Fica comigo, por favor, fica”.
    Os olhos do animal penetravam sua alma onde deixava a mensagem
    “Chegou a hora, obrigado por ficar ao meu lado, também te amo.”

    Anos atrás era ele quem agradecia.
    Os dias iniciavam com um sorriso no rosto, energia lá em cima. Perto da hora de saída do colégio o humor já estava caindo. No ônibus a caminho de casa a tristeza era profunda.
    Havia terminado com a namorada há alguns dias, algo totalmente superável não fosse a agonia que era voltar para uma casa onde reinava a tristeza, raiva e rancor de uma família despedaçada por um divórcio turbulento.

    Aquele sentimento frio insistia em vir mas ele aguentava até chegar em sua cama. Com a cara no colchão e um travesseiro como silenciador, chorava e gritava esperando que aquele sentimento saísse pela boca.

    Nesse dia não saiu.

    Lavou o rosto e desceu para sala de jantar, sentou-se no chão e mais uma vez pôs-se a chorar.
    Com os olhos fechados em um mundo de tristeza sentiu algo que lhe puxava para a luz. Ao abrir os olhos percebeu ao seu lado sua fiel amiga com a cabeça encostada em seu braço, ele a olhou em seus olhos penetrando sua alma e disse: “Obrigado por ficar ao meu lado, também te amo”

    Agora ele recebendo essa mensagem enquanto chorava em negação, sentiu o pescocinho pesar na sua mão.

    Está no céu dos animais.

    Sentia tristeza, culpa e negação mas nada mudava o fato do que estava acontecendo.

    E agora olhando aquele pequeno réptil tudo vinha a tona.
    Cara, se controla, respira e vamos levá-la pro quintal, explicou ele para si mesmo.
    E ao chegar em frente ao vaso de plantas, despejou o bichinho que se agarrou a um caule e lá ficou.
    Você vai sobreviver né, vai sim

    Mas ele não tinha tanta certeza, até que abriu o celular e leu algo que o acalmou: osgas soltam o rabo como forma de confundir sua presa e ter tempo de fugir enquanto seu adversário se entretem com o rabo balançando.
    -Ah, então ela vai sobreviver sim! – disse ele para sua mãe agora com um sorriso no rosto.
    Deveria estar tudo bem mas um pingo daquele sentimento continuava ali.

    Já chegava a hora de dormir quando por impulso decidiu ver o sobrevivente.
    Em frente ao vaso, agachou-se e olhou… viu nada naquele escuro. Ligou a câmera do celular e lá estava o bichinho com as patinhas no mesmo caule, mas agora o olhar estava caído e longe.

    Marchando pelo caule até suas pernas, um exército de formigas retirava seu banquete.
    Por mais estranho que possa ser e depois de tudo o que passou, o rapaz olhou a cena e ouviu os ensinamentos de Mufasa ao Simba em sua mente:

    Mufasa: Tudo o que você vê faz parte de um delicado equilíbrio. Como rei, você tem que entender esse equilíbrio e respeitar todos os animais, desde a formiguinha até o maior dos antílopes.

    Simba: Mas nós não comemos antílopes?

    Mufasa: Sim, Simba, mas deixe-me explicar: quando você morre, seu corpo se torna grama e o antílope come ela. E, assim, estamos todos ligados no grande ciclo da vida….

    O frio dissipou e ele conformou-se.

    Um dia nos vemos, vão em paz.

  • Para que meditar? #1

    Primeira tentativa

    Sentado na cadeira em postura ereta, as voz que saía pelo fone de ouvido guiava a meditação.

    – Inspire lenta e profundamente… segure essa respiração por um breve momento percebendo seu corpo se energizar… então expire lentamente até que o ar da barriga tenha se esvaído e… segurando por um momento perceba a inspiração iniciar naturalmente…
    Faça isso três vezes mantendo o foco na respiração: sensação no nariz, velocidade, temperatura….

    É interessante notar que quando você está fazendo essa parte logo vem um relaxamento bom no corpo e principalmente na mente.
    Sabe aquele turbilhão de pensamentos que talvez te faça chacoalhar o pé de ansiedade, ou então rolar a barra de publicações do facebook ou stories no instagram? tudo isso some.

    Mas enquanto você percebe, durante alguns segundos, a respiração e sentindo o relaxamento, de repente vem um pensamento falando algo como Nossa até que não é tão difícil isso, que nem quando… ei pera aí era pra eu estar prestando atenção na respiração. Bora lá concentra, concentra! e já se passou mais de 3 minutos nisso.

    Alguns segundos concentrado que pareciam a eternidade e minutos “viajando na maionese” que pareceram passar como um estalar de dedos!
    Pra que eu to fazendo isso? perdendo tempo quando poderia estar com os amigos, me divertindo ou vendo meus vídeos preferidos, pensa ele.

    Vai demorar alguns anos até que ele tenha os motivos certos para continuar a praticar meditação

    (Próximo capítulo: As primeiras coisas, primeiro)

  • Fiquem em casa?

    Fiquem em casa?

    O som de música sertaneja vindo por trás contracena com o som dos bem-te-vis. Esses cantam sua melodia de três, quatro palavras que mais soam como um pedido: “Fiquem em casa”.

    Um mês atrás o governador do estado pedira para a população ficar em quarentena.
    – Esse vírus é transmitido de pessoa para pessoa rapidamente. Muitos precisarão ficar em leitos usando respiradores e corremos risco de não ter recursos para todos. Nosso sistema de saúde corre o risco de entrar em colapso

    Termo novo para a sociedade – colapso do sistema de saúde: quando o número de pessoas que precisa de atendimento é maior do que o número que pessoas que o sistema consegue atender. Em outras palavras, mesmo que você tenha plano de saúde, dinheiro, influência, o que for; não consegue ser atendido.

    As pessoas entenderam bem, mas “sabe como é, quero dar uma voltinha”.
    E nesse domingo de Páscoa – dia da Ressurreição de Cristo – via-se pessoas caminhando, comprando, conversando de uma ponta a outra da cidade.
    – Jesus morreu na Cruz pela remissão de nossos pecados, para vivermos vida nova – . Dizia o padre na Live da Missa.
    Essa vida nova era agora posta na roleta russa das aglomerações.

    A música continua chegando lá de trás.
    Os bem-te-vis, que fizeram sua parte, agora se retiram.

    Estamos a sós sob as consequências de nossas ações.

  • Como funciona a alteração da percepção da realidade

    Levanto aqui uma hipótese de como funciona a alteração da percepção da realidade.
    Faço isso utilizando experiência adquirida tanto em cursos de hipnose/pnl como também em práticas como em hipnose de rua.
    Entendo que isso é um modelo e não a verdade em si (mapa não é o território). Pra mim tem funcionado para entender esse conceito então utilizo (foco no resultado).

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  • A busca pelo lar

    Precisavam de um lar para sua nova vida, agora a dois.
    Foram em busca de um apartamento, falaram com vários corretores, visitaram alguns apês até que se apaixonaram por um condomínio.

    Nele encontraram o apê perfeito: 6º andar, sol nascente e de frente para a piscina.
    Pediram para fechar o contrato mas o lugar estava prometido para outro casal.

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  • Resolução de ano novo

    Sim, já saiu a resolução de 2020 e vou falar brevemente sobre!

    Todo ano, há uns 5 anos?, escrevo um documento com minhas metas para o ano que iniciará. Acontece que ano após ano eu fui refinando cada vez mais o documento, entendo cada vez melhor o que busco/quero.
    O documento vai ficando mais direto ao ponto.

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  • Energia flui e o foco segue

    Dia 31 de dezembro de 2019. Procurando vídeo após por alguma coisa, um sentimento me forçava a buscar. Já era 7 da noite e nada de encontrar.

    Decidi tomar banho, me arrumar bem arrumado para a chegada do novo e ano e então gravar um vídeo recordando o ano que passara.
    Peguei a câmera e comecei a gravar

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  • Perguntas de aniversário

    Hoje é o aniversário da minha mãe. Vamos no reunir em um restaurante da cidade e depois de 20 minutos após chegarmos os assuntos que temos vão se esgotar.

    É que minha família não é a mais “conversadora”, sabe? daquelas que todos têm mil histórias para contar e um começa empolgado e o outro termina e ficam a noite inteira só contando os causos.

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